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Foto: https: boni.wordpress.com/2018/08/15/289

 

ZENO CARDOSO NUNES

( Brasil – São Paulo )

Advogado e jornalista.

Advogado e jornalista.

Zeno Cardoso Nunes (São Francisco de Paula- RS, 15 de agosto de 1917 - Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011.

Publicações: Versos, Briga de Touros, Morcegos, O gigante e o Pigmeu, Um Judas Insonte, Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, Minidicionário  Guasca, em colaboração com Rui Cardoso Nunes. O jornalista é patrono da cadeira 32 da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias, Rio de Janeiro (RJ).

 

ANTOLOGIA DEL ´SECCHI,  2008Organização Roberto de Castro Del´Secchi.  Rio de Janeiro:  Del´Secchi, 2008.  404 p. 14 x 21 cm  ISBN 85-86494-14-3 
No. 10 253
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda.

 

                 O HOMEM
A Machado de Assis, mestre amargo.

Pobre Arlequim sem guizos de alegria,
sacudido em nervosa convulsão,
envolvido em atroz melancolia,
contorcido ao flagelo da ambição.

Pobre palhaço audaz, toda a ousadia
de sonhar sonhos bons e esforço vão,
pois há monstros  de treva e de agonia
rugindo nos covis do coração.

Pobre espantalho de obsconsas eras
a perseguir fantásticas quimeras
no turbilhão de um mal que não acaba.

Pobre fantoche que a desgraça atiça.
cego de ódio e ébrio de cobiça,
para charcos ded sangue, pranto e baba!


                      CICATRIZES

Marcas perenes, velhas cicatrizes,
marcas de sangue e fogo, marcas fundas,
que vindes de passado infelizes,
que dos golpes da dor sois oriundas!

Obedecendo estranhas diretrizes,
misteriosas, esfíngicas, profundas,
de lampejos de estrelas sois matrizes
e de brilhos solares sois fecundas.

Tétricas marcas de um ferrete duro,
nas penumbrosas sendas do futuro
vos transformais de estigma em brasão.

Marcas de dor deixadas pelo açoite
de quem acende o dia e apaga a noite,
sois treva que o porvir torna clarão.


PENSAMEANTOS DE UM CACHORRO

Era um cachorro brasino
cheio de empatia e entono
que, sempre ao lado do dono,
partilhava seu destino.

E confiava cegamente
na grande sabedoria
de seu amigo e patrão,
no poder de suas armas,
na destreza de seu braço,
na força de seu facão.

Ele tinha por seu dono
imensa admiração
e estava pronto a ajudá-lo
em qualquer situação.

Agora, estava pensando
em topar qualquer perigo
que por azar do destino
ameaçasse o amigo.

Que viesse desgraça braba
na estrondada dum “estouro”,
no veneno de uma cobra,
nas chifradas de algum touro.  

Que viesse bicho estrangeiro,
de circo, tigre ou leão
um elefante ou um urso,
qualquer bicho grandalhão.

Até mesmo lobisomem   
ou qualquer assombração,
se quisesse, que viesse,
que ele estaria esperando
se, nenhuma indecisão.

Defendia seu dono
amigo certo e leal
contra tudo o que pudesse
ocasionar-lhe algum mal.

E com esses pensamentos
o perro, abanando o rabo
em cordial saudação,
depois das voltas de estilo,
deitou-se e dormiu tranquilo
no aconchego do galpão.


DEDO DO DESTINO

Não sabe a criatura que rasteja
na superfície de ínfimo planeta
que é grão de pó perdido na amplidão,
por que vagueia pelo imenso mundo
sentindo as alegrias e tristezas
presentes sempre em cada coração.

Quem sabe da verdade ou dos enganos,
que existem nos destinos dos humanos
é o dono do mistério e do segredo,
que aos míseros mortais destinos traça
lhes dando ora ventura, ora desgraça,
apontando-lhes rumos, com seu dedo.

Há vidas sem valor, sem luz nem treva,
grão de pólen que um vento incerto leva,
infecundos e mortos, para o sono
tranquilo e bom, das sombras do abandono.

Outros seres não têm a boa sorte
de encontrarem, sem luta o sono, a morte.

É o dono dos destinos deste mundo
que, no correr de cada geração,
estabelece as trilhas para as vidas
de algumas poucas almas, escolhidas,
às quais aponta o dedo de sua mão.

Ás vezes, num sertão, um pobre ente,
nascido na humildade, um dia sente
que alguma coisa nele se passou:
No seu crânio referve uma cratera.
Estranho anseio dele se apodera.
É o divino dedo apontou.

E o pobre batalha e vence a sorte,
bebe o vinho da glória em áurea taça,
e mergulha nos páramos da morte,
e se afoga no lodo da desgraça.

Esse dedo cruel e poderoso
que traceja os caminhos lá da altura,
a mil homens marcou brilhante vida,
deu-lhes um nome que ninguém olvida
e matou-os de mágoa e de amargura.

Na velha Grécia, ele, mostrando Homero,

disse: “Mísero, canta, assim o quero”! 
e a luz do seu olhar lhe arrebatando
deu-lhe outra luz que ainda está brilhando
deu-lhe o luzeiro mágico da ideia
que fulgura nos versos da Odisseia!

Disse, uma vez, mostrando um macedônio
“Tu vais ter mais poder do que o demônio,
eu vou tornar-te intensamente grande,
toma a tua espada, intrépido Alexandre”!

Mais tarde o mesmo dedo misterioso
no rumo de Cartago se estendeu,
e levantou-se um Bárquida orgulhoso
e o Império Romano estremeceu!

Para as plagas distantes de Judéia
um dia dirigiu-se o dedo estranho
e no Calvário ergueu-se augusta cruz
E um evangelho de fraternidade.
De doçura, de amor e de bondade,
espargiu pelo mundo nova luz!

Na direção do nobre Portugal
o dedo se voltou para Camões,
deu-lhe eloquência e gênio sem igual,
tirou-lhe um olho, pô-lo nas prisões,
e mergulhou-o em negro lodaçal,
matando-o de miséria e aflições.

No rumo de uma ilha desolada
fixou-se o dedo da imponente mão
e a Europa tremeu, amedrontada,
diante da espada heril de Napoleão.

A quanta gente aponta o grande dedo!
Ás vezes tira os ferros de um forçado
e o faz, pelo mundo, idolatrado.
Por que? Ninguém desvenda esse segredo.

Quando um pobre mortal sente seu crânio
queimando, refervendo de emoção,
quando um ódio feroz lhe inunda o peito
ou quando o amor lhe queima o coração,
é que esse dedo estranho e misterioso
está voltando em sua direção.

Irá trilhar a estrada iluminada
da glória ou do poder, mas nessa estrada
onde brilham mil luzes siderais,
sentirá a sua alma destroçada
por inclementes ventos do infortúnio
que lhe trarão suplícios infernais.

Mas o dedo que a ele está apontando
jamais o deixará fugir à prova,
e o pobre, sem trégua, irá lutando
até cair na escuridão da cova.

E as forças do não ser hão de levá-lo
à poeira infecunda de onde veio,
e a terra que o gerou há de abriga-lo
na placidez tranquila do seu seio.


*
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Página publicada  em fevereiro de 2025.


 

 

 
 
 
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